Advertência

A Esquizofrenia Cor de Rosa é um espaço onde são despejados pensamentos, o mais inalterados possível da sua forma primordial. Não se pretende aqui construir um "cantinho" de discussão científica, filosófica, religiosa, histórica ou de qualquer outra índole. A realidade dança o tango com a ficção; o senso comum luta com a ciência, numa batalha onde ninguém sairá vencedor. Cabe-lhe a si, leitor, interpretar da maneira que lhe aprouver. Sinta-se livre para comentar, criticar ou lançar sugestões!

terça-feira, dezembro 20, 2011

Uma daquelas coisas que não têm explicação

Nunca percebi o que faz tanto homem no corredor dos tampões e pensos higiénicos. É que andam SEMPRE lá!

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Apetece-me opinar

Chamem-me retrógrada, preconceituosa... Não quero saber! Na minha opinião, homens que se dizem bissexuais nunca se conseguirão satisfazer apenas com mulheres. E isto acontece porque haverá sempre um buraco vazio que elas não podem preencher.

terça-feira, novembro 29, 2011

Anúncios de Perfumes



Os anúncios da tv não costumam ser muito mais do que publicidade a novelas, hamburgers do McDonald's e iogurtes Danone (Danacol para os que comem como bestas mas têm medo de fazer análises ao sangue e Activia para quem não arreia o calhau todos os dias à mesma hora). Mas no Natal os anúncios mudam de tema.


Chega a vez da Gillette, dos ferros de engomar Fagor (presumo eu que seja para as mulheres oferecerem aos maridos e namorados, para ver se esses inúteis começam a fazer algo em casa para além de coçar os tomates e ver tv), a vez do Nespresso para aqueles 30% da população carenciada que ainda não tem uma máquina de café (sim, porque até grande parte dos pobres hoje em dia já tem uma máquina daquelas em casa, mesmo que não lhe dêem uso por não terem dinheiro para as cápsulas de café), a vez da Popota (aquela gorda sebosa que deu cabo da Leopoldina, depois de no ano passado a ter obrigado a ingerir tantos nitrofuranos que até as mamas lhe cresceram) e a vez dos perfumes.


Ah!... Perfumes. Não vivo sem eles desde os 13 anos.
Há quem escolha uma fragrância e a use todos os dias, durante todo o ano, ano após ano. O que acho disso? Impensável! Há tantos aromas deliciosos e viciantes que é impossível definir-me apenas com um. Por isso, tenho uma lista de favoritos que aumenta todos os anos na altura do Natal. Não porque tenha imensa gente a quem pedir prendas de Natal, mas porque é nesta altura que aparece sempre uma avalanche de novas fragrâncias e mais uns quantos perfumes tunning (de onde surgem uma ou duas criações bem sucedidas, como foi o caso do Hipnôse Senses, deveras superior ao original).


Desde miúda que fico a olhar para os anúncios de perfumes a tentar descodificar a mensagem. São sempre a mesma coisa: uma modelo ou actriz qualquer num vestido comprido e com os ombros à mostra a correr na cidade à noite. Pronto... Admito que nem todos são assim, mas é a ideia que tenho destes anúncios. É isso e o facto de nunca ficar com a menor ideia do que raio querem aqueles gajos transmitir com o mini-trailer. Há ali um trecho de uma novela, com certeza que há. Agora que história é essa, nunca ninguém sabe.

sábado, novembro 26, 2011

Santa's Little Helpers


Porque é que me cheira que este vídeo é fake? Dois simples motivos:

1) Um par de fedelhos com 1 e 3 anos de idade não conseguiriam espalhar equitativamente um saco de farinha pelo chão, muito menos pelo resto da sala, incluindo locais de difícil (se não mesmo impossível) acesso, como o parapeito da janela e um quadro pendurado na parede... a não ser que se tratassem de ajudantes do Pai Natal em protesto contra a exploração de trabalho infantil.

2) Nenhuma pessoa medianamente consciente e ponderada reagiria com tanta serenidade a uma catástrofe destas proporções, dando-se ao trabalho de filmar a ocorrência dos factos mal de deu conta dos mesmos, a menos que estivesse sob a influência de barbitúricos a modos que a atirar para a overdose.

Em jeito de conclusão, este vídeo é capaz de ser alguma paródia à morte da Amy Casa dos Vinhos, com a junção do que aconteceria se ela tivesse tido dois filhos com o Monstro da Tasmânia.

quinta-feira, novembro 10, 2011

Chegou o frio

Como é que todos os anos me apercebo que chega o frio? Simples. Quando dou por mim a puxar o toalhão para dentro da cabine de duche e a secar-me aproveitando o vapor de água quentinho que lá fica concentrado.

Duvido que haja mais alguém no planeta a praticar este ritual deprimente. Mas se houver, faça o favor de se pronunciar. Lembre-se que estará a fazer com que uma gaja atípica se sinta menos só no mundo.

quinta-feira, novembro 03, 2011

E tu, guias-te pelos prazos?


Se há coisa que me mete nojo é gente que organiza a sua vida em função dos prazos de validade da comida.


"Oh Francisca, tu come os iogurtes hoje porque o prazo de validade é dia 5 e já estamos a 3!". Já sabemos o que vai ser o jantar da Francisca: quatro iogurtes e uma sopa (ok, a parte da sopa não sabemos... Mas parece-me socialmente reprovável fazer um jantar só com iogurtes).


Pergunto-me o que fará esta gente quando se esquece da embalagem de manteiga ao sol numa tarde de verão. Se ainda tiver seis meses de validade segundo o rótulo, com certeza que não será o aroma a ranço que vai obrigar a deitar fora uma iguaria que tem ainda tantos dias gloriosos pela frente. É por estas e por outras que o prazo de validade é a Maya da indústria alimentar.


Antigamente não havia laboratórios de controlo de qualidade, nem havia engenharia alimentar (nem outros cursos do género, cuja função é dar emprego a duas dúzias de pessoas e conduzir centenas delas ao desemprego e à emigração). Com efeito, não havia regras que obrigassem a colocar datas que prevêem com (pouca) precisão o dia em que os ovos deixam de estar aptos para o consumo. As pessoas avaliavam o bom ou mau estado da comida pela sua cor, textura e cheiro.


Gostava de poder ensinar a essa gentinha medíocre, que vive os dias de acordo com os ditames dos carimbos, que os prazos de validade não são normas imperativas que obrigam a atirar a comida para o lixo mal se atinja aquele prazo, sob pena de aplicação da secção dos Crimes Contra a Integridade Alimentar, prevista no Código Penal.


Para quem ficou na dúvida: não, essa secção não existe... Mas devia! Deviam punir a escumalha que deita fora comida em perfeitas condições por causa do prazo de validade. E a pena aplicável deveria ser um carimbo na testa com uma mensagem do género "Não sou capaz de comer ovos caseiros porque não têm prazo de validade", um pouco à semelhança do que se faz com as advertências nos maços de tabaco. E isto faz todo o sentido, se pensarem bem, pois a convivência regular e contínua com estas pessoas (tal como com o tabaco) provoca uma morte lenta e dolorosa.

quinta-feira, outubro 20, 2011

"Ano lectivo novo, vida nova", já dizia o meu avô

Antes de mais, as minhas sinceras desculpas pela minha falta de empenho e de assiduidade no blog aos dois ou três utilizadores que seguem com avidez as patetices que coloco aqui .

A verdade é esta: não tenho inspiração. Às vezes, apetece-me versar sobre os sons ridículos que inventaram para as notificações de mensagens instantâneas no Messenger; tenho dias em que quase venho cá para mostrar a minha indignação quanto à televisão portuguesa, que nunca, em toda a nossa história, conseguiu vocacionar tanto tempo de antena às camadas populacionais mais desprovidas de QI e de cultura geral como faz agora (sim, obviamente que estou a falar dessa nojeira de programa a que chamam Casa dos Segredos, versão II - como é que é possível fazerem uma segunda versão desta merda, meu Deus!!!).

Mas no meio dos meus pensamentos acabo por carregar no delete e deixar as ideias em águas de bacalhau. Continuo a achar que o surgimento das toalhitas húmidas de wc são a melhor invenção de sempre (a seguir ao microondas). Mas também me parece bastante improvável que metade da minha meia dúzia de seguidores queira ler sobre a frescura que as abençoadas toalhitas trouxeram à minha vida naquelas situações (escassas, felizmente) em que sou forçada a ir a um wc fora do conforto da minha casa.

Com efeito, toda a minha capacidade intelectual é esgotada numa base diária em aulas e em estudo. Sim, eu, Teresa Sanches, virei oficialmente marrona. Não uma marrona qualquer, mas sim daquelas marronas que metem nojo ao estudante comum, devido ao facto de ter o braço no ar constantemente e de saber responder a questões traiçoeiras, quando os outros fracassam.

Presumo que seja do ar que se respira na cidade universitária, por excelência. Se bem que se trata de uma afirmação dúbia, pois à noite a única coisa que se respira nesta terra é fumo de ganzas e cheiro a vómito (maioritariamente de caloiros, esses grandes malucos que estão a soltar a franga em nome da liberdade que é sair de casa dos pais com uma mesada).

De maneira que é com tamanho orgulho que venho para Coimbra e em vez de andar na noite a auto-destruir-me por meio de bebidas alcoólicas e substâncias psicotrópicas, dedico-me à minha formação académica como nunca antes o fui capaz de fazer. (E espero não agoirar a minha avidez pelo conhecimento com esta gabarolice toda!)

Em modos de conclusão, certo é que não pereci nem padeço de nenhuma maleita que me impeça de escrever. Deixei de o fazer por opção, porque causas maiores se erguem na minha  nova hierarquia de interesses. Dentro dessa pirâmide não posso deixar de colocar as aulas práticas de Direito Processual Civil... e não vos vou maçar com a explicação deste fenómeno. Digo-vos tão-somente que quem conhece o Mestre Rafael Reis com certeza que saberá bem o porquê.

domingo, julho 31, 2011

Badalhocas quem? Eu?

Já li as coisas mais improváveis e irrisórias na pesquisa por palavras-chave deste humilde blog. E podem vê-lo com os vossos próprios olhos na imagem abaixo, apesar de se tratar de uma minúscula amostra. Mas "miúdas badalhocas"... Pelo amor da santa, senhores!

J.Lo, onde anda a tua cabeça?

Consigo compreender dj's que vão buscar músicas a bandas como Vaya Con Dios, tal como compreendo artistas medíocres (sem querendo fazer elogios ao elevá-los à categoria de artistas) que vão ao baú buscar músicas como These Boots Are Made For Walking, de Nancy Sinatra.

Não consigo, contudo, compreender isto. Que será que lhe deu na cabeça?

Cinema

Ontem no cinema, após gastar 10.40 € em dois míseros bilhetes, ambos com desconto, o rapazinho entregou duas revistas Empire. Pelos vistos, a Lusomundo anda a fazer uma "atençãozinha" aos clientes.
Não consegui conter-me. Apesar de saber que estava a "fazer queixinhas" a um mero mensageiro, ripostei, com uma tremenda lata, revestida de 2/3 de pertinência e 1/3 de charme (pelo menos na minha cabeça foi assim que saiu):

"Já que nos fazem comer 15 minutos de publicidade, ao menos deixam-nos entretidos a ver revistas." (A parte do charme seria impossível de reproduzir, obviamente.)

E o rapaz ainda completou o meu raciocínio, dizendo que trailers uma pessoa ainda vê... Agora, para ver publicidade todos temos uma tv em casa.

Hoje temos imagem em HD, dolby surround, legendas brancas em vez das amarelas (que são horrendas, na minha opinião - amarelo não é a minha cor) e cadeiras ligeiramente mais confortáveis. Mas digo-vos com toda a honestidade que trocava toda esta paneleirice pelos velhos cinemas Castello Lopes. Uma sala, três filmes que passavam alternadamente e cadeiras que davam tanto apoio às costas como um puff dos chineses (porque se eles fazem bandeiras portuguesas, também hão-de fazer puffs manhosos).

Além disso, as pessoas agora atendem telemóveis em pleno decurso do filme; usam perfumes do estilo do trolha quando vai à missa em doses que devem contribuir em 30% para a destruição da camada de ozono e ainda não aprenderam a mastigar a porcaria das pipocas com a boca fechada.

Há coisas que nunca mudam... Mas são só as más.

quarta-feira, julho 27, 2011

Divagações

"Vocês, mulheres, têm a faca e o queijo na mão!"

   Ora bem... Se já temos a faca, para que queremos o queijo?! Não faz sentido nenhum.

domingo, junho 12, 2011

Um futuro jurista, quem sabe!...


A verdadeira arte de andar à volta do assunto, falando muito sem dizer quase nada.

Acho fantástico o poder de autoridade que o pai exerce sobre o miúdo, enquanto a mãe se limita a perguntar sem obter resposta. =)

Cá para mim, já sabia que se não contasse ao pai mal ele lhe perguntou como foi ali parar, levava logo uma palmada no rabo assim que de lá saísse!

Thumbs up evewybody... For wock and woll!



Adoro este miúdo. Não me canso de ver o vídeo. Espero que também gostem. =)

A Derrota

É com algum desânimo (ou talvez nem por isso) que vos venho hoje comunicar que desisti de tentar aplicar o novo acordo ortográfico. Tentei, com árduo esforço, corrigir os ímpetos da rotineira escrita, tão enraizada no meu cérebro.

Mas a verdade é esta: demoro o triplo do tempo a escrever o que quer que seja. Olho para as palavras e parecem-me feias e deturpadas. E, se na escrita por computador é simples corrigir, quando se trata de papel e caneta, a coisa muda de proporção.

Tentei ver o lado bom da questão. Esforcei-me por pegar nas críticas que as pessoas andam a fazer ao acordo e mostrar outra perspectiva. Mas o património cultural que vive dentro de mim fala cada vez mais alto.

Cada vez me revolta mais a fraca personalidade dos nossos líderes. A constante necessidade de agradar a gregos e troianos... Ou a brasileiros e angolanos, melhor dizendo.

Sim, somos um país pequeno e pobre. Mas, para além de estarmos condenados à imagem amarelecida d'Os Descobrimentos e termos que admitir que a fama actual do nosso povo se resume a três ou quatro nomes do Futebol, a uma boa gastronomia e a uma péssima, mas célebre, gestão político-económica, ainda temos que nos rebaixar perante quem destruiu a nossa língua. Temos que abdicar das nossas regras gramaticais e da etimologia para nos assemelharmos àqueles que mutilaram a Língua Portuguesa ao sabor do analfabetismo e da falta de brio.

Destarte, cessam aqui todos os meus esforços pela harmonização às regras de um acordo que não aceitei, quer expressa quer tacitamente.

Post Scriptum: Será que alguém está a ver os ingleses a abdicar do seu sotaque para falar o Inglês dos americanos? Ou a passarem a escrever "colour" sem o u só porque é assim que os americanos decidiram escrever? Pois... Também me parece que não.

sábado, junho 04, 2011

É o que eu sou



"Deus, dai-me a coragem para mudar as coisas que posso... E a humildade para aceitar aquelas que não posso."

Estejamos em 1965 ou em 2011, as crianças serão sempre cruéis umas para as outras, tal como os jovens e os adultos o são. A diferença resume-se à espontaneidade e à transparência.

O que é a justiça? Não é o que está na lei. Não é ver a apodrecer na cadeia um homem que matou outro. Não é ganhar 50 000€ numa lotaria quando se está teso. Não é ter 17 valores num exame por se ser craque. Ser merecedor de algo não nos dá um bilhete para ganhar uma fatia de justiça.

"Viver honestamente; não fazer o mal e atribuir a cada um aquilo que é seu", dizia Ulpianus. Contudo, mesmo levando estas três regras à risca, pode não haver justiça.

A justiça é uma Utopia que se alcança de vez em quando. E digo-o com convicção. Digo-o porque casos há em que se faz justiça, mas não tão poucos serão aqueles que lhe ficam aquém. É um mero lançar de dados. A justiça está na nossa cabeça, mas também pode estar no coração. E pode ainda estar à frente dos nossos olhos sem nunca estar ao alcance das nossas mãos.

Encontrar forma de fazer justiça pondo de lado a sua aleatoriedade será tão difícil como atingir a paz mundial, ou encontrar a cura para o cancro. Mas enquanto houver pessoas no mundo que nos deem ânimo para lutar por ela, o acaso diminui na proporção em que a força aumenta.

É um filme emocionante, uma história com um toque de originalidade. Não obstante, a cereja no topo do bolo é aquela lição de moral que alguns sentiram na própria pele; que outros adquiriram por intermédio dos colegas; e outros que nunca a aprenderam e, por esse motivo, estão condenados a ser uns cabrões para o resto da vida.

sexta-feira, maio 27, 2011

em tempo de eleições fica bem fazer promessas

No seguimento do post anterior, quero deixar aqui bem assente que vou fazer uma promessa para comigo mesma. Não como velhaca que negoceia com o Senhor, mas como portuguesa que está descontente com a vida política do seu país e de todos os nacionais que, se sujeitos a um teste de QI, revelariam um valor de dois dígitos... Ou de um só.

E aqui fica ela:

Sempre que tiver de acrescentar alguma coisa, em qualquer texto, vou passar a escrever POST SCRIPTUM. Nunca, mas NUNCA MAIS voltarei a utilizar a abreviatura.

A caminhada dos coitadinhos



Depois de tanto tempo sem manifestações ideológicas de qualquer índole, parece que será de exigir um texto com uma qualidade para além do razoavelzinho, pelo que decidi expor hoje mais um pensamento controverso que cogito há uns aninhos.

Pois bem, chegou a vez da religião.

Não fiquem já com a falsa ideia de que venho para aqui criticar as histórias mirabolantes e tão criativamente elaboradas da Bíblia, ou que acho que deviam deixar os muçulmanos resolver os seus assuntos sem intervenções norte-americanas ou europeias (o mesmo será dizer "deixar que se matem uns aos outros"). Nada disso.

Venho somente expressar o meu repúdio pelos ditos católicos não praticantes que, na altura de aflição extrema, se agarram à Nossa Senhora de Fátima a pedir o que calha, quais crianças de cinco anos que se sentam no colo de um velho com barbas postiças num centro comercial em dezembro.

Quando alguém tem um acidente grave e sobrevive com sequelas minimais, todos dizem "graças a Deus!", porque foi n'Ele que estiveram a pensar na sala de espera. Tal como todo o estudante medíocre reza para passar no exame que está prestes a começar... Ou quando alguém que tem medo de alturas mas se quis aventurar numa experiência radical, só se lembra de dizer "ai meu Deus".

Ninguém na sala de espera está a pensar se os médicos que estão a cuidar do sinistrado são profissionais competentes; nenhum estudante sente o peso de consciência por não ter estudado o suficiente até ver a nota, nem ninguém que se mete a fazer bungee jumping vai perguntar aos homens que o estão a prender às cordas se tiraram alguma formação especializada na área e se todo o equipamento preenche os requisitos de segurança (até porque, se o fizesse, respondiam que sim a tudo com um grande sorriso, mas não haveria papelada para comprovar).

E isto tudo para dizer o quê? Que sinto uma náusea quando penso nas pessoas que subitamente ganham fé em alguma coisa (e digo alguma coisa porque em Deus não será) quando estão à beira da catástrofe e decidem fazer um acordo com Deus, decidindo ir a pé para Fátima se os seus problemas desaparecerem no espaço de um mês ou dois. Sim, porque esta gente não quer saber das prioridades do Senhor. Se há um pacto para ir a pé para Fátima, ganha logo um ponto de exclamação vermelho na caixa de correio da santíssima trindade.

Não sou ateia, nem agnóstica, nem coisa nenhuma. Mas a hipocrisia não tem religião. E acho que quem está em desespero e quer algo do universo, devia orientar-se pelos pretensos princípios do catolicismo. Como quem diz, em vez da caminhada até Fátima, que decidam ser melhores dali para a frente. Que decidam amar a vida, ajudar os outros, fazer coisas úteis.

Agora, ir a pé para Fátima em troca de um milagre, na minha opinião, para além de banalizar a religião, é ver Deus como um usurário (sovina, para os leigos)... A não ser que se queira fazer uma grande caminhada para emagrecer uns quilinhos ou ir visitar o santuário sem pagar portagens nem gastar dinheiro em combustível. Mas, nesse caso, não venham dizer que é para pagar uma promessa ao Senhor. Porque, quem acredita nessas coisas da religião acredita também que o que se faz nesta vida se paga com boas ações e se julga na altura da morte.

sábado, abril 30, 2011

O pânico do Acordo Ortográfico

Eis um assunto que já irrita, mas que me parece ser de toda a pertinência explorar convenientemente. Convenientemente, não... Minimamente. E decidi alterar o advérbio de modo por um motivo muito simples: o maldito Acordo é dúbio para toda a gente e, pelo que me deu a entender no site http://www.portaldalinguaportuguesa.org/ , os eruditos não são exceção (é assim que se escreve agora, não é?).

Bom, como já todos estamos fartos de ouvir por aí, cerca de 95% da população é contra o Acordo. Compreende-se. Afinal, estamos num país de preguiçosos que nem a língua sem o Acordo aplicado sabem escrever. Mas isto é apenas um aparte.

Acho que esses cerca de 95% de portugueses estão a pensar  - tal como eu - que não temos nada que andar a alterar a nossa escrita para nos adaptarmos ao que os brasileiros fazem na terra deles e que nos últimos anos têm vindo a fazer na nossa também. Sendo que, na sua maioria, até o fazem ilegalmente... Mas isso já é problema do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e não meu, nem do leitor, com certeza (agora que já chateia tanto imigrante ilegal, chateia. E não é pouco).

Mas, para voltar ao assunto essencial, acho que todo o português com o mínimo de orgulho no seu património linguístico acha mal que a língua portuguesa se tenha que adaptar aos povos com língua oficial portuguesa porque, se a língua oficial é a nossa, são eles que têm que falar como se fala em Portugal, pois é daqui que a língua vem.

E até aqui, tudo ótimo. Estou plenamente de acordo. Até porque a nossa língua é das poucas coisas de que nos podemos orgulhar nesta altura de crise.

O grande mal dos tais cerca de 95% de portugueses é que não tiveram o cuidado de ir ao site supracitado e ver o que é que afinal se vai alterar.
"Ah e tal, eu cá é que não vou tirar o c ao facto!" Oh meus amigos... Ninguém disse que se vai começar a mutilar as palavras como quem corta o clitóris às raparigas nas tribos africanas! (Piada pesada, eu sei. Culpem antes a TVI por andar a fazer reportagens destas em horário nobre, sim?)

Só hoje é que eu própria me dei ao trabalho de ir ao site ver o que é que vai mudar. E agora posso afirmar com convicção que não está tão mal feito quanto isso.
Se bem sabem (ou se não sabiam, ficam a saber), a famigerada CP, não vem de "Comboios de Portugal", como já ouvi dizer, mas sim de Caminhos de Pherro. Ora, que eu saiba, na nossa língua não se usa ph para traduzir o som do f. Usa-se o f, porque é bem mais simples e faz todo o sentido.

E este é apenas um exemplo de evolução da língua. À medida que os tempos mudam, surgem novos instrumentos, surgem novas necessidades e deixam de se usar certos costumes. A mudança é sempre inevitável. Umas vezes é boa, outras nem por isso. O que é certo é que implica quebra de rotinas, alteração de hábitos. E, como isso dá trabalho, lá vêm os 95% manifestar-se. Outra atitude não seria de esperar.

Pois aproveito para vir aqui manifestar o meu contentamento (no geral) com o acordo ortográfico. Admito que vai ser complicado ver-me livre do c em ação e do mp em perentório, porque já está enraizado na minha cabeça. Mas tenho que admitir que se as consoantes são mudas, não estão lá a fazer nada. São como os manuais com bolinha vermelha na biblioteca: de que me serve que estejam lá se não os posso levar para casa por três míseros dias para os ler descansada?

Espero sinceramente que se quebre o mito de que vamos passar a escrever "fato" em vez de facto, só porque os brasileiros são preguiçosos e decidiram identificar duas coisas absolutamente distintas com o mesmo nome. Isso é lá com eles. Sempre houve palavras homónimas na nossa língua e somos obrigados a conviver com isso. Mas se sempre tivemos em conta o c, não vai ser agora que o vamos cortar da escrita para continuar a usá-lo na oralidade, ou será que não são capazes de ver aqui o contrassenso?  Pelo amor da santa, senhores. Se fôssemos por esse caminho, então passaríamos a escrever "pato" em vez de pacto!

P.S.: As minhas sinceras desculpas aos meus queridos e assíduos seguidores brasileiros. Espero que compreendam que ao vos considerar preguiçosos por causa da problemática do "fato", estava apenas a fazer uma piada fácil. =)

sábado, abril 02, 2011

a black fly in my chardonnay

Na altura em que esta música disparou nas estações de rádio, ainda eu mal dominava o bê-á-bá da língua inglesa, mas mesmo assim achei-lhe piada.
Há uns anos lembrei-me dela, e escutei a letra com atenção. Foi nessa altura que me apercebi do quanto a música mudou na última década.

E não estou só a falar do facto de, nos nossos dias, só se verem miúdas de 16 anos vestidas como se tivessem 26 e trabalhassem num bar de strip, ou de já quase ninguém precisar de ter boa voz para ser cantor, ou de talento para ser músico no geral.

Falo também (e sobretudo) da genuinidade das letras e do significado das músicas e respectivos videoclips. Antigamente as pessoas podiam não andar todas tapadas, mas mesmo quando não usavam roupa, não era comum a ideia de tudo apelar para o sexo, mas sim para o espírito da música, para o que ela nos deveria fazer sentir.

Podíamos ver o Michael Jackson vestido como se fosse a Liza Minnelli a cantar num palco no mesmo video onde ele aparecia franzino e semi nu, a tocar numa rapariga, também ela semi nua, de cuja cena quase poderíamos esperar o início de um filme porno de muito má qualidade... Sim, podíamos. Mas as pessoas escutavam as letras das músicas e sentiam algo para além de um "som porreiro".

O George Michael chegou a lançar uma música sobre estar farto de ter sexo dentro de casa e querer ir para a rua, com o correspondente videoclip a sugerir isso mesmo. No entanto, consigo ver mais sexo num video da Rihanna quando, supostamente, ela está a falar de distúrbios mentais.

Já nem posso ouvir falar do Justin Bieber e ainda nem sei quem o miúdo é (nem me quero dar ao trabalho de descobrir). Não vou dizer que já não há nada de jeito. Simplesmente acontece que cada vez que a Lady Gaga lança uma nova música, só me dá vontade de ouvir Roxette, Simply Red, Creedence Clearwater Revival ou mesmo Garbage. Até chego a ter saudades dos azeiteiros dos Limp Bizkit.

Adoro telemóveis e internet, bem como microondas e vernizes para as unhas que secam em 60 segundos. Há inúmeras vantagens no progresso da ciência e da tecnologia. Mas quando penso na minha infância, sinto que a minha vida tinha algo que hoje já não existe. Não sei bem o que é, mas sei que as diferenças no mundo da música são um reflexo dessa mudança. Gostava de voltar aos anos 80 e 90 para os poder apreciar com a cabeça que tenho agora.

sexta-feira, março 11, 2011

Frangos do Pingo Doce


Exmos. senhores do grupo Jerónimo Martins:

  Venho por este meio solicitar uma ligeira alteração na vossa política comercial quanto à origem dos frangos que disponibilizam nos vossos estabelecimentos.
  Em nome dos frangos do campo, que não chateiam ninguém e até conferem ao local um je ne sais quoi de encanto com o seu cantarolar - tão típico das zonas rurais -, peço-vos que deixem os pobres animais na sua paz e, ao mesmo tempo, ajudem a melhorar a qualidade de vida dos moradores dos grandes centros urbanos. Como? De forma muito simples: passando a utilizar os galos da cidade.

  É sabido que o Porto, apesar de ser uma extensa urbe, é constituído por pequenas vielas, um tanto semelhantes às favelas do Brasil, mas onde não se encontram delinquentes por tendência ou especialmente perigosos. Estas vielas, comummente designadas de "ilhas", não são mais do que aldeias dentro da cidade. Como consequência, o centro do Porto está repleto de hortas e galinheiros, que torturam a sanidade mental da camada estudantil durante toda a noite. 

  De acordo com o que este vosso anúncio salienta, o frango do campo é o único com "cocorocó". Lamento discordar convosco. Contudo, acabaram por salientar o meu ponto de vista: o "cocorocó" deve ouvir-se é no campo. Na aldeia sabe bem ouvir o "cocorocó", enquanto que na cidade se prefere sentir simplesmente o cheirinho a frango assado, porque poluição sonora já temos que chegue.

  Espero, pois, que ponderem esta minha sugestão, sendo que o meu último recurso será uma incómoda petição à Câmara Municipal, para que se obrigue a sedar os bichos à noite ou a que todos os galinheiros necessitem de vidros duplos, sob pena de renovação urbana (implicando esta o derrube dos mencionados espaços). Uma vez que ambas as sugestões supracitadas implicam medidas um tanto controversas, bastante dispendiosas e ainda inovações legislativas, não creio que tal petição tivesse grande sucesso.

  Grata pela vossa atenção e com os melhores cumprimentos,
               
             Teresa Sanches.

quinta-feira, março 10, 2011

Política, para variar um bocadinho

A meio da minha oral de passagem de Direito Constitucional, a Drª Cristina Queiroz interrompeu o meu discurso para tecer o seguinte comentário:

"Você não gosta nada de política, pois não?"

Ao qual tive que honestamente responder com algo como "não... nem por isso", enquanto sentia o ar de repúdio e desprezo da sua parte. Não a censuro. É quase um contra-senso uma aluna de Direito não vibrar com política. Só que não iria ser numa oral de Constitucional que iria justificar a minha aparente indiferença perante tal assunto.

Há quem diga que política, religião e futebol são os três assuntos que nunca se discutem. Ora, todos nós sabemos que o que não falta por aí é gente a opinar sobre a lastimável performance do Sporting; sobre o atraso na investigação científica que a Igreja causou durante séculos e ainda sobre a (desculpem-me o atrevimento) cambada de burros e preguiçosos que governa este país todos os anos.

Não sei se isto é novidade para alguém, mas quer-me parecer que o problema vem da raiz. Há poucos séculos atrás, livrámo-nos da monarquia para cairmos na ideia mais utópica da humanidade (a seguir ao comunismo, obviamente): a democracia.

Surge no séc. XIX a ideia do Estado Representativo. O povo achava que o governo seria melhor se, em vez de nos guiarmos pela razão de um, nos guiássemos pela razão de todos. E esta, sendo impossível na prática, seria concretizada na eleição de representantes do povo, que defenderiam brilhantemente os seus direitos. Errado!

E o problema vem da raiz precisamente porque o povo não percebe nada de governação. Hoje em dia, a população até está mais instruída (e desempregada), mas, mesmo assim, a opinião pública continua a formar-se em tascas manhosas, porque há sempre um chico-esperto que acha que percebe umas coisas de política e influencia os quase-analfabetos que não têm nada melhor para fazer do que ouvir os seus disparates.

Pessoalmente, acho uma tremenda irresponsabilidade permitir que qualquer pessoa possa decidir sobre o que quer que seja que se faz no país. "Ah e tal... porque somos todos iguais." Somos todos iguais o tanas! Há gente inteligente e gente limitada, pessoas sem estudos mas com capacidades intelectuais, pessoas com licenciaturas mas que não são mais do que calhaus com olhos, pessoas que sabem muito sobre muita coisa mas que não percebem nada de política, etc., etc..

Para se decidir o próximo "Ídolo", não só vota quem quer, como ainda metem três sujeitos que supostamente percebem de música a decidir e a comentar a actuação das pessoas que vão para lá cantar (tal como se dão ao trabalho de comentar as actuações daqueles que só vão para lá fazer figura de parvos). E, além disso, colocam-se anúncios por todo o lado, para que haja alarme social. Para que toda a gente saiba de onde vêm os concorrentes. Até reservam partes dos programas para se saber da vida deles, quais as suas opiniões, expectativas e mais não sei o quê.

No entanto, quando há campanhas eleitorais, ninguém nos vem informar sobre o passado dos políticos. Onde estudaram, o que estudaram, com que média acabaram o curso, que tipo de integridade moral têm e por aí fora. Não senhor. Metem-nos lá a falar do que lhes apetece, que é sempre o mesmo. Falar mal de quem está no poder, criticar e apontar erros.

Pois eu não quero saber o que é que eles acham dos fulanos que estão no poder. Quero saber sim quem são eles para acharem que podem fazer melhor. E quero ideias concretas, com suporte em estatísticas e estudos sobre o assunto, devidamente fundamentados. Quero saber o seu QI, quero resultados de testes psico-técnicos e avaliações psicológicas que me digam se estão aptos a governar um país. Quero saber se estão a concorrer porque chegaram lá sozinhos ou se são "primos afastados" deste ministro ou daquele deputado.

Com tanto psicólogo no desemprego, nunca ninguém se lembrou que eles podiam avaliar os potenciais administradores desta nação? Nunca ocorreu a ninguém que as campanhas eleitorais são tão ridículas e aborrecidas que acabam por apelar à abstenção?

E que merda é esta do sufrágio universal? Não nos esqueçamos que "o povo" pode saber que paga impostos para tudo e mais alguma coisa, mas paga-os na mesma. Toda a gente se queixa, mas ninguém faz nada. Tal como quem vota não sabe o que está a fazer, porque não tem a informação de que necessita para escolher os seus representantes.

E é por isto que eu não gosto de política. Porque a minha perspectiva sobre o assunto levaria a uma ditadura, se levada ao extremo... Ou pelo menos a uma aristocracia. Um governo de elite. A opinião do povo não valeria grande coisa, a não ser que se conseguisse provar que quem votasse saberia o que estava a fazer. E não era qualquer pessoa que governava. Só os que passassem nos testes. Seria uma espécie de concurso aos cargos, onde venceria o melhor. E falo em "melhor" no sentido de mais apto, não como acontece agora, onde quem vence é o "melhor aldrabão".


Para os amantes dos Minions do Despicable Me

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Certezas Incertas

Estabelecer metas. Dar o melhor. Enfrentar cada dia de cabeça erguida com um sorriso do tamanho do mundo. Dar gargalhadas bem altas, ao som de uma piada insignificante, quando lá no fundo apetece gritar, fugir, desaparecer. Agradar àqueles que esperam algo de nós. Esforçarmo-nos por dar tudo quando no fim só acabamos por desiludir. Fracassar. A dor de olhar para trás e pensar que tínhamos tudo para atingir o dito potencial (o que quer que isso seja). As lágrimas que rebentam como balões de água que acabaram de tocar o chão. A incerteza de viver cada dia sabendo que ele faz parte de uma escolha que amanhã pode ser errada.

O sofrimento de estar de mãos apertadas quando queremos mudar o mundo. A vergonha de olhar no espelho e apercebermo-nos de que quem muda somos nós. E mudamos para o que achávamos que estava mal, na esperança de estarmos mais uma vez enganados, no sonho de amanhã aparecer algo que dê sentido à vida. Algo que nos mostre que a dor é recompensada.

Mas e se esse dia não chegar? E se surgir um momento de luz que apague as certezas incertas? Se o caminho que andámos a percorrer der ao ponto de partida?

Voltamos a percorrê-lo, enquanto fechamos as feridas do passado... Até que elas não passem de marcas na nossa pele, quais mensagens gravadas num tronco de uma árvore. Caímos para aprendermos a levantar-nos. Erramos para aprender a acertar. Um dia, um mês, uma vida. O desafio só acaba quando deixarmos de acreditar.

domingo, fevereiro 06, 2011

Burlesque


Se há coisa que eu sempre gostei de ver são gajas giras e boas a dançar com roupas sensuais e cheias de estilo. E esta ainda por cima canta (e bem!). Maquilhagem e outros retoques aparte, ela é lindíssima.

Quando vi pela primeira vez o cartaz do filme, pensei "Hmm...Cher e Christina Aguilera num filme... Tenho de ver isto". E não me arrependi.

Nunca fui grande fã de musicais. Talvez a minha mente seja demasiado realista e quadrada... Mas sempre me irritou estar a ver uma história mais ou menos interessante e, de repente, os actores começarem a cantar e a dançar do nada. Não faz sentido nenhum. Tira todo o realismo à coisa. Mesmo quando assistimos a uma ficção científica, o escopo do filme anda à volta de o assemelhar à realidade. É isso que se quer numa história, que ela (por muito surrealista que seja) tenha um toque de verosimilhança tal que nos transporte para lá, que nos faça acreditar que aquilo poderia acontecer, nem que fosse num universo paralelo. E nos musicais isso nunca acontece pois, a não ser que andássemos todos sob o efeito de alucinogénicos, ninguém seria capaz de viver o dia-a-dia como se fosse uma Dorothy Gale.

E eis que hoje encontrei o Burlesque num formato de qualidade bastante aceitável (shiu, não leram isto aqui!) e perdi a cabeça. Não fiquei nada desiludida. Afinal não é um musical - não, pelo menos, na minha definição de musical. É uma história vulgaríssima, da miúda do interior cheia de talento que pega nos seus trapos e vai para a cidade tentar ser alguém.

Vejam lá que eu nem me dei ao trabalho de ver um trailer do filme para ter uma ideia do que dali ia sair! (Às vezes faço isso, para não fazer ideia nenhuma do que vai acontecer.) E, apesar de a história em si não ter surpreendido, as músicas e as coreografias são fantásticas. Já para não falar da melhor surpresa! Sabem quem é o Eric Dane? Aquele que encena o cirurgião plástico com mais pinta e ar de filha-da-putice que alguma vez se poderá encontrar numa série? Estou a falar do Mark, aka McSteamy, de Grey's Anatomy.

Pois é, esse charme de homem aparece no filme. E a vadia que vive dentro de mim rezou o tempo todo para ver a personagem principal numa cena badalhoca com ele. Mas não. Nichts, niente! Vai apaixonar-se por um rapazote com ar de paneleirão e, como santinha que é, não se mete com mais ninguém, mesmo sabendo que podia ter o mundo inteiro a seus pés. Mas tirando isso, recomendo vivamente o filme. =)

domingo, janeiro 30, 2011

Não há nada pior que um wc público





Quando era miúda, se fosse a uma casa de banho no café da vila, lavava as mãozinhas num pedaço de sabão azul e branco e limpava-as numa toalha de felpo com rendas e flores pirosas bordadas. Mas agora não. Agora há higiene e saúde por todo o lado! As casas de banho públicas não escaparam às modernices da nova era.

... Ou então não.

Se há memória que não engana, é a do olfacto. E os wc continuam a cheirar igualmente mal. Não vamos estar com eufemismos. Cheiram a chichi ressequido e a merda. Tal como sempre cheiraram. Só que antigamente usava-se lixívia ao final do dia de trabalho e agora lava-se o chão de 3 em 3 horas com qualquer coisa que o deixa escorregadio a tal ponto que é preciso avisar os potenciais utentes com sinais gráficos amarelos.

As toalhas de felpo podiam não ser a melhor escolha, pois não sabemos se quem se limpou lá antes de nós lavou bem as mãos ou se tinha doenças contagiosas. É verdade.

O sabonete líquido evita que se passem os germes de umas pessoas para as outras, sim senhor.

Mas cerca de 60% das vezes que se lava as mãos num wc público, não há sabonete. E o pior é que além de só passarmos as mãos por água, vamos secá-las em máquinas que deitam ar quente. Além de se gastar energia, promove-se o desenvolvimento de bactérias nas mãos.

Ora mas que rica higiene!

terça-feira, janeiro 18, 2011

Nothing Good Happens After 2 A.M.

É o que dá conversar no facebook a estas lindas horas...
 - mas afinal estás no puerto ainda?


 - sim


 - deixa essa terra que isso é de badalhocas!


 - até fevereiro, cá vou ficar


 - isso é terra de badalhocas!

a gramática foi pela pia abaixo

Anda por aí uma moda parva, ridícula, atrofiante e insolitamente ESTÚPIDA de dizer "ah e tal... é um personagem".

É O QUÊ??? É UH QUIÊH?!?!?! [indignação com sotaque do Porto]

Oh meus amigos... vamos lá ver uma coisa: a língua portuguesa (como tantas outras línguas e tantas outras manifestações culturais) já é machista só por si! O macho anda por todo o lado a exibir o pêlo facial e os tomatinhos inchados, todo pintarolas porque tem o órgão sexual no exterior do corpo. E acha-se o maior por causa disso. Sempre achou.

Pois eu acho que ter o órgão sexual no interior do corpo é bem melhor! E também sempre o achei. Nunca fiquei com a passarinha entalada no fecho das calças, nem nunca amassei as bolas a andar numa bicicleta (tudo bem que também causa algum desconforto, mas essa não é a questão essencial).

Se estiver à nossa frente um homem, diz-se "Ele"; se estiver uma mulher, diz-se "Ela"; se estiver um homem e uma mulher, diz-se "Eles... Se estiverem vinte mulheres e um homem, diz-se "Eles".

Isto é suficiente para me causar indignação que chegue a propósito do cheiro a macho na língua portuguesa. Era só o que me faltava ter que aturar com "o personagem para cá" e "o personagem para lá". Não tendes uma gramática em casa, senhores jornalistas, escritores e afins? Não andasteis na escola primária, tal como eu andei? Ou será que só eu é que aprendi que "personagem" é um SUBSTANTIVO COMUM DE NÚMERO SINGULAR E GÉNERO FEMININO???

sábado, janeiro 08, 2011

"Nunca se diz adeus"


"When life gives you lemons, make lemonade".

Fazer limonada no inverno não é coisa fácil. Especialmente na altura do Natal, da família, das festas no ano novo e da preparação dos exames.
Quando a alegria dos outros nos é indiferente algo está mal. Da mesma forma que algo está mal se a nossa tristeza não afectar ninguém. Acho que todos nós vemos o que queremos ver e sentimos o que nos apetece sentir. Mas até que ponto a mente tem a força de se cingir aos seus objectivos?

Gosto de acreditar que uma boa bofetada dada pela vida é um incentivo para despertar, para ligar ao que de facto interessa. Sempre me disseram que o sofrimento nos torna mais fortes, que purifica a alma. Bem, se ter a alma forte e pura é o mesmo que a ter vazia, então parece que é verdade.

Não é suposto as convicções serem efémeras. Não é suposto fazer escolhas quando não acreditamos no seu sucesso. O que se chama então a quem o faz? Hipócrita, talvez. Irracional.

Sei que colocar neste blog este tipo de pensamentos faz tanto sentido como colocar roupa a secar ao ar livre num dia de chuva. Mas dei ao blog o nome de esquizofrenia por algum motivo. Se a esquizofrenia é o caos, não há lugar para o método nem para a organização, muito menos para a rotina.

A vantagem de se ser louco é podermos fazer e dizer o que quisermos, pois as pessoas tidas como "normais" acabam por não ligar, porque não têm a capacidade de ver o que está para além do palpável e comum.

Entre genialidade e loucura há uma linha muito ténue. Aliás, andam quase sempre de mãos dadas. Questiono-me se aqueles que dão o salto para o mundo da fantasia não o fazem por ser tão aborrecido e revoltante viver no mundo das pessoas banais. Acho que muitos dos loucos chegaram a um ponto em que, para fugir à insanidade, a única solução seria tornarem-se vulgares e decidiram não o fazer.

Ser louco não é desculpa para virar as costas àqueles de quem gostamos. E, por isso mesmo, quando sentiste que não te restava muito tempo, tentaste voltar atrás e emendar parte dos teus erros. Contudo, há atitudes que não podem ser apagadas da memória como quem pressiona a tecla "delete". Mas eu sei que fizeste um esforço, sei que tinhas um bom coração e que, se pudesses, estarias aqui para fazer as coisas de outra forma.

Acho que te compreendia mais do que imaginavas. E acho que não sabes (tal como eu não sabia) que me fazes falta. Uma parte de mim morreu contigo, mas algo de ti vai continuar a viver em mim.

Nunca dizias "adeus" nem gostavas que to dissessem, portanto também não vai ser agora que o vou dizer. Até qualquer dia, pai.