Advertência

A Esquizofrenia Cor de Rosa é um espaço onde são despejados pensamentos, o mais inalterados possível da sua forma primordial. Não se pretende aqui construir um "cantinho" de discussão científica, filosófica, religiosa, histórica ou de qualquer outra índole. A realidade dança o tango com a ficção; o senso comum luta com a ciência, numa batalha onde ninguém sairá vencedor. Cabe-lhe a si, leitor, interpretar da maneira que lhe aprouver. Sinta-se livre para comentar, criticar ou lançar sugestões!

domingo, janeiro 30, 2011

Não há nada pior que um wc público





Quando era miúda, se fosse a uma casa de banho no café da vila, lavava as mãozinhas num pedaço de sabão azul e branco e limpava-as numa toalha de felpo com rendas e flores pirosas bordadas. Mas agora não. Agora há higiene e saúde por todo o lado! As casas de banho públicas não escaparam às modernices da nova era.

... Ou então não.

Se há memória que não engana, é a do olfacto. E os wc continuam a cheirar igualmente mal. Não vamos estar com eufemismos. Cheiram a chichi ressequido e a merda. Tal como sempre cheiraram. Só que antigamente usava-se lixívia ao final do dia de trabalho e agora lava-se o chão de 3 em 3 horas com qualquer coisa que o deixa escorregadio a tal ponto que é preciso avisar os potenciais utentes com sinais gráficos amarelos.

As toalhas de felpo podiam não ser a melhor escolha, pois não sabemos se quem se limpou lá antes de nós lavou bem as mãos ou se tinha doenças contagiosas. É verdade.

O sabonete líquido evita que se passem os germes de umas pessoas para as outras, sim senhor.

Mas cerca de 60% das vezes que se lava as mãos num wc público, não há sabonete. E o pior é que além de só passarmos as mãos por água, vamos secá-las em máquinas que deitam ar quente. Além de se gastar energia, promove-se o desenvolvimento de bactérias nas mãos.

Ora mas que rica higiene!

terça-feira, janeiro 18, 2011

Nothing Good Happens After 2 A.M.

É o que dá conversar no facebook a estas lindas horas...
 - mas afinal estás no puerto ainda?


 - sim


 - deixa essa terra que isso é de badalhocas!


 - até fevereiro, cá vou ficar


 - isso é terra de badalhocas!

a gramática foi pela pia abaixo

Anda por aí uma moda parva, ridícula, atrofiante e insolitamente ESTÚPIDA de dizer "ah e tal... é um personagem".

É O QUÊ??? É UH QUIÊH?!?!?! [indignação com sotaque do Porto]

Oh meus amigos... vamos lá ver uma coisa: a língua portuguesa (como tantas outras línguas e tantas outras manifestações culturais) já é machista só por si! O macho anda por todo o lado a exibir o pêlo facial e os tomatinhos inchados, todo pintarolas porque tem o órgão sexual no exterior do corpo. E acha-se o maior por causa disso. Sempre achou.

Pois eu acho que ter o órgão sexual no interior do corpo é bem melhor! E também sempre o achei. Nunca fiquei com a passarinha entalada no fecho das calças, nem nunca amassei as bolas a andar numa bicicleta (tudo bem que também causa algum desconforto, mas essa não é a questão essencial).

Se estiver à nossa frente um homem, diz-se "Ele"; se estiver uma mulher, diz-se "Ela"; se estiver um homem e uma mulher, diz-se "Eles... Se estiverem vinte mulheres e um homem, diz-se "Eles".

Isto é suficiente para me causar indignação que chegue a propósito do cheiro a macho na língua portuguesa. Era só o que me faltava ter que aturar com "o personagem para cá" e "o personagem para lá". Não tendes uma gramática em casa, senhores jornalistas, escritores e afins? Não andasteis na escola primária, tal como eu andei? Ou será que só eu é que aprendi que "personagem" é um SUBSTANTIVO COMUM DE NÚMERO SINGULAR E GÉNERO FEMININO???

sábado, janeiro 08, 2011

"Nunca se diz adeus"


"When life gives you lemons, make lemonade".

Fazer limonada no inverno não é coisa fácil. Especialmente na altura do Natal, da família, das festas no ano novo e da preparação dos exames.
Quando a alegria dos outros nos é indiferente algo está mal. Da mesma forma que algo está mal se a nossa tristeza não afectar ninguém. Acho que todos nós vemos o que queremos ver e sentimos o que nos apetece sentir. Mas até que ponto a mente tem a força de se cingir aos seus objectivos?

Gosto de acreditar que uma boa bofetada dada pela vida é um incentivo para despertar, para ligar ao que de facto interessa. Sempre me disseram que o sofrimento nos torna mais fortes, que purifica a alma. Bem, se ter a alma forte e pura é o mesmo que a ter vazia, então parece que é verdade.

Não é suposto as convicções serem efémeras. Não é suposto fazer escolhas quando não acreditamos no seu sucesso. O que se chama então a quem o faz? Hipócrita, talvez. Irracional.

Sei que colocar neste blog este tipo de pensamentos faz tanto sentido como colocar roupa a secar ao ar livre num dia de chuva. Mas dei ao blog o nome de esquizofrenia por algum motivo. Se a esquizofrenia é o caos, não há lugar para o método nem para a organização, muito menos para a rotina.

A vantagem de se ser louco é podermos fazer e dizer o que quisermos, pois as pessoas tidas como "normais" acabam por não ligar, porque não têm a capacidade de ver o que está para além do palpável e comum.

Entre genialidade e loucura há uma linha muito ténue. Aliás, andam quase sempre de mãos dadas. Questiono-me se aqueles que dão o salto para o mundo da fantasia não o fazem por ser tão aborrecido e revoltante viver no mundo das pessoas banais. Acho que muitos dos loucos chegaram a um ponto em que, para fugir à insanidade, a única solução seria tornarem-se vulgares e decidiram não o fazer.

Ser louco não é desculpa para virar as costas àqueles de quem gostamos. E, por isso mesmo, quando sentiste que não te restava muito tempo, tentaste voltar atrás e emendar parte dos teus erros. Contudo, há atitudes que não podem ser apagadas da memória como quem pressiona a tecla "delete". Mas eu sei que fizeste um esforço, sei que tinhas um bom coração e que, se pudesses, estarias aqui para fazer as coisas de outra forma.

Acho que te compreendia mais do que imaginavas. E acho que não sabes (tal como eu não sabia) que me fazes falta. Uma parte de mim morreu contigo, mas algo de ti vai continuar a viver em mim.

Nunca dizias "adeus" nem gostavas que to dissessem, portanto também não vai ser agora que o vou dizer. Até qualquer dia, pai.