Advertência

A Esquizofrenia Cor de Rosa é um espaço onde são despejados pensamentos, o mais inalterados possível da sua forma primordial. Não se pretende aqui construir um "cantinho" de discussão científica, filosófica, religiosa, histórica ou de qualquer outra índole. A realidade dança o tango com a ficção; o senso comum luta com a ciência, numa batalha onde ninguém sairá vencedor. Cabe-lhe a si, leitor, interpretar da maneira que lhe aprouver. Sinta-se livre para comentar, criticar ou lançar sugestões!

sábado, abril 30, 2011

O pânico do Acordo Ortográfico

Eis um assunto que já irrita, mas que me parece ser de toda a pertinência explorar convenientemente. Convenientemente, não... Minimamente. E decidi alterar o advérbio de modo por um motivo muito simples: o maldito Acordo é dúbio para toda a gente e, pelo que me deu a entender no site http://www.portaldalinguaportuguesa.org/ , os eruditos não são exceção (é assim que se escreve agora, não é?).

Bom, como já todos estamos fartos de ouvir por aí, cerca de 95% da população é contra o Acordo. Compreende-se. Afinal, estamos num país de preguiçosos que nem a língua sem o Acordo aplicado sabem escrever. Mas isto é apenas um aparte.

Acho que esses cerca de 95% de portugueses estão a pensar  - tal como eu - que não temos nada que andar a alterar a nossa escrita para nos adaptarmos ao que os brasileiros fazem na terra deles e que nos últimos anos têm vindo a fazer na nossa também. Sendo que, na sua maioria, até o fazem ilegalmente... Mas isso já é problema do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e não meu, nem do leitor, com certeza (agora que já chateia tanto imigrante ilegal, chateia. E não é pouco).

Mas, para voltar ao assunto essencial, acho que todo o português com o mínimo de orgulho no seu património linguístico acha mal que a língua portuguesa se tenha que adaptar aos povos com língua oficial portuguesa porque, se a língua oficial é a nossa, são eles que têm que falar como se fala em Portugal, pois é daqui que a língua vem.

E até aqui, tudo ótimo. Estou plenamente de acordo. Até porque a nossa língua é das poucas coisas de que nos podemos orgulhar nesta altura de crise.

O grande mal dos tais cerca de 95% de portugueses é que não tiveram o cuidado de ir ao site supracitado e ver o que é que afinal se vai alterar.
"Ah e tal, eu cá é que não vou tirar o c ao facto!" Oh meus amigos... Ninguém disse que se vai começar a mutilar as palavras como quem corta o clitóris às raparigas nas tribos africanas! (Piada pesada, eu sei. Culpem antes a TVI por andar a fazer reportagens destas em horário nobre, sim?)

Só hoje é que eu própria me dei ao trabalho de ir ao site ver o que é que vai mudar. E agora posso afirmar com convicção que não está tão mal feito quanto isso.
Se bem sabem (ou se não sabiam, ficam a saber), a famigerada CP, não vem de "Comboios de Portugal", como já ouvi dizer, mas sim de Caminhos de Pherro. Ora, que eu saiba, na nossa língua não se usa ph para traduzir o som do f. Usa-se o f, porque é bem mais simples e faz todo o sentido.

E este é apenas um exemplo de evolução da língua. À medida que os tempos mudam, surgem novos instrumentos, surgem novas necessidades e deixam de se usar certos costumes. A mudança é sempre inevitável. Umas vezes é boa, outras nem por isso. O que é certo é que implica quebra de rotinas, alteração de hábitos. E, como isso dá trabalho, lá vêm os 95% manifestar-se. Outra atitude não seria de esperar.

Pois aproveito para vir aqui manifestar o meu contentamento (no geral) com o acordo ortográfico. Admito que vai ser complicado ver-me livre do c em ação e do mp em perentório, porque já está enraizado na minha cabeça. Mas tenho que admitir que se as consoantes são mudas, não estão lá a fazer nada. São como os manuais com bolinha vermelha na biblioteca: de que me serve que estejam lá se não os posso levar para casa por três míseros dias para os ler descansada?

Espero sinceramente que se quebre o mito de que vamos passar a escrever "fato" em vez de facto, só porque os brasileiros são preguiçosos e decidiram identificar duas coisas absolutamente distintas com o mesmo nome. Isso é lá com eles. Sempre houve palavras homónimas na nossa língua e somos obrigados a conviver com isso. Mas se sempre tivemos em conta o c, não vai ser agora que o vamos cortar da escrita para continuar a usá-lo na oralidade, ou será que não são capazes de ver aqui o contrassenso?  Pelo amor da santa, senhores. Se fôssemos por esse caminho, então passaríamos a escrever "pato" em vez de pacto!

P.S.: As minhas sinceras desculpas aos meus queridos e assíduos seguidores brasileiros. Espero que compreendam que ao vos considerar preguiçosos por causa da problemática do "fato", estava apenas a fazer uma piada fácil. =)

3 comentários:

L* disse...

Eu cá continuo a não concordar com o Acordo Ortográfico.
E sim, tive o cuidado de ver o que ia mudar, até porque a minha mãe recebeu essa informação toda devido à profissão que tem!
Não digo que nunca (nunca é uma palavra muito forte!) irei adoptar o acordo, mas para já não o vou fazer.

Pedro disse...

Eu não concordo com o Acordo Ortográfico, acho que é estúpido as crianças podem aprender rapidamente então e maior parte dos jovens e pior maior parte dos idosos como é que é..Um exemplo simples se eu não concordo nem vou escrever com o acordo como vou ensinar ao meu pai com 64 anos vou dizer-lhe como "isso era no teu tempo agora já não é assim" não faz sentido
isto acaba no fundo por ajudar os brasileiros isso é que é a pura verdade... agora foram umas simples letras daqui a nada são imensos acentos não me espanta nada que daqui a um tempo o meu nome fique sem acento ou metam um O a mais enfim acho que isto vai de mal a pior

CoisasDaGaja disse...

Sabes que sou totalmente contra o acordo. Não sou contra as mudanças, quando elas fazem sentido e quando são feitas com bom senso. Sabes o quanto amo o português e quanto brio tenho na forma como o utilizo. Não vejo, de forma nenhuma, nada de positivo neste acordo. E também sabes que ao dizer que não o adoptarei, não é nem por preguiça nem por burrice;))
Apenas e só porque me nego a escrever português do Brasil. Porque é isso que o acordo é. Isso e mais uma forma de encher os bolsos a muita gente.