Advertência

A Esquizofrenia Cor de Rosa é um espaço onde são despejados pensamentos, o mais inalterados possível da sua forma primordial. Não se pretende aqui construir um "cantinho" de discussão científica, filosófica, religiosa, histórica ou de qualquer outra índole. A realidade dança o tango com a ficção; o senso comum luta com a ciência, numa batalha onde ninguém sairá vencedor. Cabe-lhe a si, leitor, interpretar da maneira que lhe aprouver. Sinta-se livre para comentar, criticar ou lançar sugestões!

domingo, maio 02, 2010

Queima do Porto

A Queima das Fitas do Porto é sempre uma aventura. Já se sabe que testosterona, cusquice e álcool são três ingredientes que carecem de uma atenção extrema ao manuseá-los em conjunto. É uma mistura explosiva que muitas vezes acaba com lágrimas, sangue ou vómito. Encontramos toda a gente lá e fazemos altas festarolas com sorrisos do tamanho do mundo quando vemos alguém que repudiamos com todo o nosso ser.

Vale sempre a pena ir no autocarro grátis da Queima. Podemos ir já a cambalear, pois a viatura está tão sobrelotada que não temos hipótese de cair. E durante a viagem temos revelações ao ver que inexplicavelmente ainda não nos cheirou a "humanidade"; há alguém que nos faz companhia (e que está igualmente atento) e diz "ainda não mas tem calma porque o suor está a romper."

Uma vez que não há água canalizada no queimódromo, sempre que se vêem líquidos no chão, acabamos por pensar o pior. Muito honestamente, tenho pena daquelas pessoas que gostam de ir para a Queima arranjadinhas e com roupa de marca.

Ontem tive uma experiência surreal numa barraquinha da Queima. Um jovem loiro que nunca tinha visto antes pediu-me os óculos de sol que tinha na cabeça (deram um jeitão que nem imaginam) porque queria usá-los para dançar a música que tocava na altura. E eu lá lhos emprestei. Entretanto ausentei-me por 5 minutos para ir procurar umas pessoas. Quando voltei, o rapaz estava a afastar-se do sítio e não tinha os meus óculos. Fui ter com ele e perguntei-lhe o que se tinha passado. Diz ele "Eu já não os tenho. Emprestei-os a um amigo meu." E enquanto dizia isto, pegava-me no braço e guiava-me até ao tal amigo.

Quando chegámos lá, o amigo não me queria dar os óculos porque eu não estava a precisar deles. Prontamente respondi que iria precisar quando fosse para casa e ouvi algo como "então vens cá buscá-los quando te fores embora!". A minha alma estava parva com esta situação! Mas o pior foi quando tive que lhe tirar os óculos, explicando (como se precisasse de o fazer) que não ia andar à procura dos excelentíssimos sujeitos a noite toda. E nisto outro rapaz que estava com aquele vira-se para mim e diz "ok, ok, mas baza" e faz-me aquele gesto de quem enxota moscas.

Tive que partilhar esta peripécia porque acho que nunca em toda a minha vida experienciei tanta falta de educação e tanta lata ao mesmo tempo. Logo a seguir encontrei o meu "afilhado" (fora da praxe) já bem regadinho, com uma amiga. E nos 3 ou 4 minutos que passei com ele, quase tive que lhe bater para ele parar de me tentar comer (relembro que havia uma miúda ao lado dele).

Na viagem de volta para casa no autocarro houve duas ou três pessoas que saíram antes da paragem onde desembarca quase toda a gente. Como as pessoas que queriam sair do autocarro cheio estavam longe da porta, tiveram que furar caminho. Entretanto alguém grita "Abram alas para o Noddy!".

E foi assim a primeira noite de Queima deste ano.

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