Advertência

A Esquizofrenia Cor de Rosa é um espaço onde são despejados pensamentos, o mais inalterados possível da sua forma primordial. Não se pretende aqui construir um "cantinho" de discussão científica, filosófica, religiosa, histórica ou de qualquer outra índole. A realidade dança o tango com a ficção; o senso comum luta com a ciência, numa batalha onde ninguém sairá vencedor. Cabe-lhe a si, leitor, interpretar da maneira que lhe aprouver. Sinta-se livre para comentar, criticar ou lançar sugestões!

quarta-feira, fevereiro 27, 2013

O marginal do século XXI

Todos aqueles que já sentiram o olhar de reprovação da comunidade quando comentaram que ficam acordados até às 4 da manhã sabem qual é a sensação.

Numa era em que a tecnologia é tão importante na vida do ser humano como a higiene pessoal (ou até talvez mais), é incrível como é que alguém é visto como um delinquente se não tiver necessidade de dormir oito horas por noite.

Tenho por facto que a informação científica disponibilizada na Internet é tão útil como um dicionário de alemão numa jaula de macacos. E digo isto com muita seriedade (dentro dos limites da comparação, claro está). Sinto-me horrorizada quando ouço mulheres da minha idade - e até mais novas - a afirmar de nariz empinado que a pílula faz mal. "Então porquê?" - retorquiria um ser humano com escolaridade superior ao 5º ano do ensino básico - "Porque estamos a provocar alterações hormonais que o nosso organismo não sofre naturalmente" - respondem estas eruditas com quem às vezes tenho a infelicidade de trocar ideias. É uma resposta aceitável... Para quem vive na Rondónia. É engraçado, porque eu até tenho ideia de que as mulheres, antes de haver métodos contraceptivos, sofriam menos de cancro. Só que enquanto eu acho que isso se deve ao facto de as mulheres há cem anos atrás parirem aos 6 e 7 filhos em média, estas alfaces com pernas acham que é porque ingerimos coisinhas que fazem mal (mas ingerem-nas na mesma). Pois claro que não há relação nenhuma entre as doenças do foro ginecológico e o excesso de ovulações, por sua vez derivado da falta de fecundação. Faz muito mais sentido que tenha a ver com o uso de telemóveis ou do consumo de pizza duas vezes por mês!

Depois há aqueles assuntos em que se pega na informação útil e se interpreta da maneira que mais convém - um bocado à semelhança dos sofismas da Grécia Antiga ou da argumentação dos bons advogados das séries americanas. - Deixo aqui a ressalva de estar completamente fora da minha área de estudos. - Mas ainda ontem me deparei com a notícia de que "comer iogurtes e tostas mistas faz mal". Todos os dias o meu mundo entra em colapso com este tipo de revelações. É verdade. Há uma parte de mim que morre. A secção "fé na humanidade" neste momento deve rondar os 0,72% na minha convicção para-religiosa. Nem vou desenvolver a parte de eu usar pão de forma - ainda que seja integral - , caso contrário vou já para a prisão! Mas voltando a questão para o lado dos iogurtes (magros, ainda por cima), fazem mal porque, pelos vistos, o cálcio não é bem absorvido sem exercício físico. Talvez o que se queira dizer é que o exercício físico ajuda à absorção do cálcio... Mas da maneira que me veio o raspanete pareceu foi que não me adianta de nada ingerir cálcio porque sou sedentária. O que me leva para o próximo tópico.

Ser sedentário é ter uma corda ao pescoço. É basicamente abrir os braços aos tumores e à SIDA. Qual sexo desprevenido, qual quê! Não frequentar o ginásio é a pior doença da humanidade neste momento! Até se pode mandar umas meta-não-sei-quantas para a veia de vez em quando se no dia a seguir for queimar calorias para uma máquina de step. Mas ficar de rabinho sentado a ver um filme ao final do dia deveria ter lugar num artigo ou dois do Código Penal. Não me lembro de ouvir a minha avó a contar histórias de aulas aeróbica e ela ainda cá está. "Ah mas no tempo dela não havia Macdonald's!". Pois não! Mas também não havia nimesulida com venda livre nas farmácias, nem endoscopias virtuais.

Anda toda a gente obcecada com a vida eterna ou é impressão minha? Gostam assim tanto deste mundo que achem que 70 anos disto não chega? Desculpem-me por ser tão radical, mas acho preferível viver descontraída durante uns bons 50 anos, respeitando regras de alimentação e exercício físico quando isso não implicar restrições severas no meu dia-a-dia. Aposto que o Senhor dos Passos largos para miséria concordaria comigo: não serve de muito investir numa velhice prolongada. Só vamos estar a dar despesa à família e ao país. Por outro lado, se daqui a 20 ou 30 anos, uma pessoa nos seus 65 deixar de estar na terceira idade para poder ainda ocupar um sólido lugar na população activa, também não é um futuro promissor. Não vejo grande interesse em prolongar a minha vida por 20 ou 30 anos para depois ficar a trabalhar como se ainda fosse jovem e a tomar aos oito copos de água por dia para acompanhar a minha medicação.

1 comentário:

Eduardo disse...

Só tu!!
Ainda bem que voltaste, já tinha saudades destas tuas constatações!