Advertência

A Esquizofrenia Cor de Rosa é um espaço onde são despejados pensamentos, o mais inalterados possível da sua forma primordial. Não se pretende aqui construir um "cantinho" de discussão científica, filosófica, religiosa, histórica ou de qualquer outra índole. A realidade dança o tango com a ficção; o senso comum luta com a ciência, numa batalha onde ninguém sairá vencedor. Cabe-lhe a si, leitor, interpretar da maneira que lhe aprouver. Sinta-se livre para comentar, criticar ou lançar sugestões!

sábado, abril 02, 2011

a black fly in my chardonnay

Na altura em que esta música disparou nas estações de rádio, ainda eu mal dominava o bê-á-bá da língua inglesa, mas mesmo assim achei-lhe piada.
Há uns anos lembrei-me dela, e escutei a letra com atenção. Foi nessa altura que me apercebi do quanto a música mudou na última década.

E não estou só a falar do facto de, nos nossos dias, só se verem miúdas de 16 anos vestidas como se tivessem 26 e trabalhassem num bar de strip, ou de já quase ninguém precisar de ter boa voz para ser cantor, ou de talento para ser músico no geral.

Falo também (e sobretudo) da genuinidade das letras e do significado das músicas e respectivos videoclips. Antigamente as pessoas podiam não andar todas tapadas, mas mesmo quando não usavam roupa, não era comum a ideia de tudo apelar para o sexo, mas sim para o espírito da música, para o que ela nos deveria fazer sentir.

Podíamos ver o Michael Jackson vestido como se fosse a Liza Minnelli a cantar num palco no mesmo video onde ele aparecia franzino e semi nu, a tocar numa rapariga, também ela semi nua, de cuja cena quase poderíamos esperar o início de um filme porno de muito má qualidade... Sim, podíamos. Mas as pessoas escutavam as letras das músicas e sentiam algo para além de um "som porreiro".

O George Michael chegou a lançar uma música sobre estar farto de ter sexo dentro de casa e querer ir para a rua, com o correspondente videoclip a sugerir isso mesmo. No entanto, consigo ver mais sexo num video da Rihanna quando, supostamente, ela está a falar de distúrbios mentais.

Já nem posso ouvir falar do Justin Bieber e ainda nem sei quem o miúdo é (nem me quero dar ao trabalho de descobrir). Não vou dizer que já não há nada de jeito. Simplesmente acontece que cada vez que a Lady Gaga lança uma nova música, só me dá vontade de ouvir Roxette, Simply Red, Creedence Clearwater Revival ou mesmo Garbage. Até chego a ter saudades dos azeiteiros dos Limp Bizkit.

Adoro telemóveis e internet, bem como microondas e vernizes para as unhas que secam em 60 segundos. Há inúmeras vantagens no progresso da ciência e da tecnologia. Mas quando penso na minha infância, sinto que a minha vida tinha algo que hoje já não existe. Não sei bem o que é, mas sei que as diferenças no mundo da música são um reflexo dessa mudança. Gostava de voltar aos anos 80 e 90 para os poder apreciar com a cabeça que tenho agora.

1 comentário:

L* disse...

Concordo contigo Teresa! E aconteceu-me exactamente o mesmo quando ouvi há uns tempos a "Ironic"...quando a música saiu eu sabia a letra "toda" (com um inglês à minha maneira, claro!) mas quando a ouvi de novo ainda gostei mais da música...é pena não se poder voltar atrás para, como tu dizes, apreciar as coisas dos 80 e 90 com a maturidade que tenho hoje!