Advertência

A Esquizofrenia Cor de Rosa é um espaço onde são despejados pensamentos, o mais inalterados possível da sua forma primordial. Não se pretende aqui construir um "cantinho" de discussão científica, filosófica, religiosa, histórica ou de qualquer outra índole. A realidade dança o tango com a ficção; o senso comum luta com a ciência, numa batalha onde ninguém sairá vencedor. Cabe-lhe a si, leitor, interpretar da maneira que lhe aprouver. Sinta-se livre para comentar, criticar ou lançar sugestões!

quinta-feira, março 10, 2011

Política, para variar um bocadinho

A meio da minha oral de passagem de Direito Constitucional, a Drª Cristina Queiroz interrompeu o meu discurso para tecer o seguinte comentário:

"Você não gosta nada de política, pois não?"

Ao qual tive que honestamente responder com algo como "não... nem por isso", enquanto sentia o ar de repúdio e desprezo da sua parte. Não a censuro. É quase um contra-senso uma aluna de Direito não vibrar com política. Só que não iria ser numa oral de Constitucional que iria justificar a minha aparente indiferença perante tal assunto.

Há quem diga que política, religião e futebol são os três assuntos que nunca se discutem. Ora, todos nós sabemos que o que não falta por aí é gente a opinar sobre a lastimável performance do Sporting; sobre o atraso na investigação científica que a Igreja causou durante séculos e ainda sobre a (desculpem-me o atrevimento) cambada de burros e preguiçosos que governa este país todos os anos.

Não sei se isto é novidade para alguém, mas quer-me parecer que o problema vem da raiz. Há poucos séculos atrás, livrámo-nos da monarquia para cairmos na ideia mais utópica da humanidade (a seguir ao comunismo, obviamente): a democracia.

Surge no séc. XIX a ideia do Estado Representativo. O povo achava que o governo seria melhor se, em vez de nos guiarmos pela razão de um, nos guiássemos pela razão de todos. E esta, sendo impossível na prática, seria concretizada na eleição de representantes do povo, que defenderiam brilhantemente os seus direitos. Errado!

E o problema vem da raiz precisamente porque o povo não percebe nada de governação. Hoje em dia, a população até está mais instruída (e desempregada), mas, mesmo assim, a opinião pública continua a formar-se em tascas manhosas, porque há sempre um chico-esperto que acha que percebe umas coisas de política e influencia os quase-analfabetos que não têm nada melhor para fazer do que ouvir os seus disparates.

Pessoalmente, acho uma tremenda irresponsabilidade permitir que qualquer pessoa possa decidir sobre o que quer que seja que se faz no país. "Ah e tal... porque somos todos iguais." Somos todos iguais o tanas! Há gente inteligente e gente limitada, pessoas sem estudos mas com capacidades intelectuais, pessoas com licenciaturas mas que não são mais do que calhaus com olhos, pessoas que sabem muito sobre muita coisa mas que não percebem nada de política, etc., etc..

Para se decidir o próximo "Ídolo", não só vota quem quer, como ainda metem três sujeitos que supostamente percebem de música a decidir e a comentar a actuação das pessoas que vão para lá cantar (tal como se dão ao trabalho de comentar as actuações daqueles que só vão para lá fazer figura de parvos). E, além disso, colocam-se anúncios por todo o lado, para que haja alarme social. Para que toda a gente saiba de onde vêm os concorrentes. Até reservam partes dos programas para se saber da vida deles, quais as suas opiniões, expectativas e mais não sei o quê.

No entanto, quando há campanhas eleitorais, ninguém nos vem informar sobre o passado dos políticos. Onde estudaram, o que estudaram, com que média acabaram o curso, que tipo de integridade moral têm e por aí fora. Não senhor. Metem-nos lá a falar do que lhes apetece, que é sempre o mesmo. Falar mal de quem está no poder, criticar e apontar erros.

Pois eu não quero saber o que é que eles acham dos fulanos que estão no poder. Quero saber sim quem são eles para acharem que podem fazer melhor. E quero ideias concretas, com suporte em estatísticas e estudos sobre o assunto, devidamente fundamentados. Quero saber o seu QI, quero resultados de testes psico-técnicos e avaliações psicológicas que me digam se estão aptos a governar um país. Quero saber se estão a concorrer porque chegaram lá sozinhos ou se são "primos afastados" deste ministro ou daquele deputado.

Com tanto psicólogo no desemprego, nunca ninguém se lembrou que eles podiam avaliar os potenciais administradores desta nação? Nunca ocorreu a ninguém que as campanhas eleitorais são tão ridículas e aborrecidas que acabam por apelar à abstenção?

E que merda é esta do sufrágio universal? Não nos esqueçamos que "o povo" pode saber que paga impostos para tudo e mais alguma coisa, mas paga-os na mesma. Toda a gente se queixa, mas ninguém faz nada. Tal como quem vota não sabe o que está a fazer, porque não tem a informação de que necessita para escolher os seus representantes.

E é por isto que eu não gosto de política. Porque a minha perspectiva sobre o assunto levaria a uma ditadura, se levada ao extremo... Ou pelo menos a uma aristocracia. Um governo de elite. A opinião do povo não valeria grande coisa, a não ser que se conseguisse provar que quem votasse saberia o que estava a fazer. E não era qualquer pessoa que governava. Só os que passassem nos testes. Seria uma espécie de concurso aos cargos, onde venceria o melhor. E falo em "melhor" no sentido de mais apto, não como acontece agora, onde quem vence é o "melhor aldrabão".


6 comentários:

CoisasDaGaja disse...

Para quem não gosta de politica, tens umas opiniões (bombásticas!) bastante curiosas!

Concordo 99% contigo. E digo 99% porque sim, vislumbrei logo uma ditadura perante a tua ideia. Se ela fosse feita com moral e sensatez, poderia até resultar! De resto concordo contigo!

Gostei dessa dos calhaus com olhos! eheheheeh!

p.s. tenho pena que escrevas tão pouco! Beijos

Bella disse...

Muito bom;)

Anónimo disse...

Para lá do conteúdo, muito bem escrito.

Parabéns.

E ainda por cima bonita.

http://fogodeletras.blogspot.com/

Teresa Sanches disse...

Muito obrigada a todos pela atenção. =)

Martinha, gostaria de prometer mais assiduidade, mas é complicado... Apesar de andar constantemente a cogitar textinhos, nem sempre tenho paciência para organizar as ideias de forma a materializá-las em algo decente. ;) Mas vou tentar. Agora que já tenho 15 seguidores, devo-lhes algo mais reiterado. Hehe.

CoisasDaGaja disse...

Tessie fico bem contente por saber disso ;)) Sabes bem quem te incentivou a criar o blog :))

Um xi!

p.s. Fogo de letras, eu só tenho amigas lindas e inteligentes! :))

Lyn disse...

És espectacular.

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